ASHLEY BROOK | ''Dirija''
Ashley Brook surgiu na música virtual há quase um ano. Em Fuego, entregou um álbum tanto quanto comprometedor, mas demonstrou uma enorme evolução em Cacos, disco lançado recentemente. Após dominar as paradas musicais com ''Tu Cama'' e ''Flores'', Ashley anunciou sua despedida do Oddcast com ''Dirija'', seu single mais recente. Vendido como o seu adeus, é uma faixa melancólica construída em expectativas por um futuro melhor e promissor. A música cresce aos poucos e possuí mais autenticidade do que o material que caracterizou Ashley.
Brook está numa estrada sem destino definitivo, mas é evidente que estava indo em direção a sua melhor versão. Uma carência saudável e uma confiança em ascensão transforma ''Dirija'' no maior momento de Ashley, um ponto bom a ser levantado, uma vez que a cantora teve a tendência de evoluir lentamente com o tempo. A faixa é a aposta menos comercial da cantora e a distancia de sua sonoridade reggaeton e, de alguma forma, desconstruir sua imagem foi a melhor opção a ser feita.
KELLY DEE | ''Medusa''
Kelly Dee recruta Gabi e Regina Topher para dar vida a ''Medusa'', a canção responsável por renovar a identidade da cantora que ficou conhecida pelo hit ''Realidade''. Apesar de apostar na mitologia, há uma carência de metáforas relacionadas ao tema, tornando a composição um tanto quanto rasa e superficial. Alguns versos como ''O sangue que escorre vai dar vida a algo novo / Mas, mais cedo ou mais tarde, essa história vai se repetir de novo'' apresentam uma explicita ambiguidade, dando a entender que até elementos que formulam uma disstrack estão presentes na música.
Enquanto narra alguns versos, uma voz dizendo ''É verdade'' quebra o ar de seriedade da música, criando uma atmosfera debochada, cômica e incompatível com o suposto propósito do single. De qualquer forma, a produção cativante e a sonoridade agressiva são cartas na manga que se tornam a redenção para qualquer erro ocasionado em sua composição, entretanto, é uma jogada arriscada para uma artista novata.
LAS CORONELLAS | ''Trago''
Katrina Prada, Karma e Zora Venka juntam seus poderes mais cômicos e dão vida a Las Coronellas. Conhecidas como grandes nomes da primeira e segunda geração do Oddcast, o novo trio mais famigerado do universo virtual obteve grande aceitação do público com o single de estreia ''Countdown'', mas é com ''Trago'' que o grupo se ascende.
Uma composição inteligente, divertida e popular é narrada na música e é extremamente plausível a forma harmônica que Katrina, Karma e Zora se conectam na faixa de uma forma que nenhuma se sobressaia a outra, tornando-as igualmente memoráveis. ''Chega mais perto, vem dar um trago / Nada pode dar errado'' é o apogeu entre os 4 minutos exorbitantes da canção.
LUNA VALENTE | ''Devil Dreams''
Se por um lado vemos artistas caminhando para o seu melhor patamar, vemos alguns decair em sua autossabotagem. Luna Valente é um novo nome da plataforma Avakin que, desde seu debut, não deixa especificado quais são suas ambições como artista. Luna se assemelha e comete o mesmo erro que Ashley Brook quando avaliamos o que a interprete de 'Dirija' cantava no álbum Fuego. Ambas buscam por um material de propósito cômico duvidoso e carecendo qualquer pitada de carisma ou personalidade. A grande questão na faixa não é o fato tentar se enquadrar no comedypop, mas sim como ela falha em se enquadrar no gênero.
Uma composição cafona e desprezível com um refrão constrangedor descrevem ''Devil Dreams'' como uma faixa desesperadora e sem prestígio algum. A produção amadora é perdoada por Luna estar, supostamente, em seus primeiros passos, mas não há muita esperança e sequer é proveitoso ouvir a faixa até o final, mas aliviante quanto ela acaba.
É evidente como artistas novatos com o intuito de abordarem o humor em suas discografias estão enfrentando dificuldade, uma vez que nenhum conseguiu servir hits valiosos na mesma facilidade de veteranos do ''pop comediante-vulgar'' (como Vittoria Amestiste) no inicio de sua carreira.
MAYLLA | ''Sangue Azul''
Maylla é um nome misterioso que surgiu no Oddcast nos últimos dias e, rapidamente, lançou seu single de estreia ''Sangue Azul''. Assinada sob o selo da Cannonball Records, a cantora foi responsável por produzir e compor a faixa, carregando uma grande responsabilidade de construir a primeira impressão de seu trabalho ao público.
''Sangue azul / Classifica tuas atitudes como nobre / Tu não és diamante, és cobre / Não faço parte do teu menu'' são os versos que caracterizam o refrão da primeira música de Maylla. É uma escolha duvidosa para single de estreia, mas é inegável que existe uma certa luminosidade transmitida pela cantora em alguns versos da música. Mesmo sendo uma faixa descartável, é o suficiente para Maylla escrever seu nome entre os artistas que buscam por sua identidade na atual geração de novatos, mas incerto de se dizer se seu futuro é promissor.
MIA LUX | ''Diga-me''
MIA LUX provou seu potencial no autêntico e contagiante Motherlode, álbum que lhe rendeu grandes hits como a faixa-título e ''Lá Vem O Karma''. Após um breve hiatus não anunciado para encaixar suas ideias no lugar, a cantora lançou o single ''Diga-me'' sem grandes pretensões. Com uma sonoridade dance recheada de instrumentos synth, a canção transita até o punk-rock em seus segundos finais, declarando o single como nada mais que um delírio no catálogo de LUX.
A produção experimental enquanto a artista repete o título da música torna a faixa levemente irritante e desconfortável. Sua composição não é uma das mais fortes de MIA e não transborda toda a grandiosidade de seu atual álbum de trabalho, mas não é uma hipótese dizer que a canção coloca a interprete de ''Frenesi'' num processo retrógrado, pelo contrário, apenas em um momento de experimentar coisas novas.