STATIONCRITIC: Os conflitos internos de Lexie Stone, causados pela injustiça, corrupção, ódio e amor em 'CITYSLICKER'



Tornar-se consagrado no mundo virtual não é difícil, mas não é pra qualquer um. Dentro do cenário do IMPOP tivemos grandes destaques, muita gente que veio e conseguiu grande hesito em meio a muitos outros, como no caso da cantora Lexie Stone.

Seu primeiro álbum, "Elemento X", lançado em 2015 teve grande recepção do público, e ficaria como missão do segundo álbum de estúdio da cantora manter ou até mesmo superar tal marco. CITYSLICKER, lançado no mesmo ano, é quem ficou encarregado por tal feito, mas será que essa missão conseguiu ser concluída?.

Nele, a cantora nos mostra seu mundo particular através de uma história. Uma cidade de governo corrupto, em guerra, onde existem pessoas que fazem de tudo para agradar o mesmo, sendo Lexie a única a ir contra a tal, fazendo a mesma a expor tudo o que sente em seu novo material. Vamos conferir:

01. Mente
A faixa que abre o cd, já traz em seu contexto uma das melhores apresentadas no mesmo. "Mente", como o título já sugere, fala sobre tentar esquecer alguém ou algo, mas que de certa forma ainda permanece preso em pensamentos tão conturbados. “Eu posso ocupar a minha mente, mas as memórias sempre vêm átona depois [...]”. É uma ótima faixa, com composição e produção bem feitas e elaboradas. Uma ótima abertura, que não entrega muito o  que o disco irá oferecer mais a frente, mas nos mostra algo intimista e que revela o grande potencial da cantora em compor letras tão profundas.

02. Cicatrizes
Escolhida como segundo single de divulgação do cd, "Cicatrizes" nos mostra que Lexie Stone consegue trabalhar em estilos musicais diferentes. Com forte influência no dubstep, a faixa segue a mesma linha da anterior em questão composição. “Eu queria conseguir, com meus erros aprender. Eu queria conseguir, finalmente te esquecer [...]”, é o que diz a cantora logo no inicio do potente refrão. É uma ótima faixa, que podemos incluir na lista das mais potentes do material. Ponto pra ela.

03. Inferno Artificial 
Novamente em uma transição de estilos, temos aqui talvez, a melhor faixa do disco. Toda trabalha no bom jazz e no hip hop oldschool, Inferno Artificial é quente ao mesmo tempo em que é suave. A insanidade, intensidade e todo brilho do amor são abordados na faixa. Lexie não se preocupa em ressaltar o quão vívido é o fato de a paixão causar extrema euforia interna em si.  “Eu gosto do jeito, do jeito que você me obtém, neste inferno, neste inferno artificial [...]”. Foi escolhida para ser o encerramento dos trabalhos do disco, ganhando assim, um clipe digno a música. Merecido.

04. Trancafiada Em suas Ilusões 
Saindo do grande êxtase da faixa anterior, aqui temos um momento mediano no material. A letra, que descreve a história de uma personagem presente no disco, mostra a preocupação da mesma em se sentir perseguida pelo mundo, o que á faz se isolar de tudo e de todos. É uma faixa descartável, que talvez tenha sido colocada na versão final do projeto apenas para completar espaço.

05. Nevoeira (Feat. Vanessa Clark) 
Novamente uma faixa mediana. Em nevoeira vem falando sobre decepção e rancor. É uma faixa calma que ao mesmo tempo consegue ser pesada. O questionamento abordado na mesma por ambas (Lexie Stone e Vanessa) é até interessante, mas que poderia ser melhor.

06. Sanidade 
Talvez o forte de Lexie, é abordar as questões psicológicas em suas músicas. Sanidade é onde tudo isto fica amostra. “Eu estou fora da minha sanidade, vozes se tornam pesadelos [...]”. Uma composição de destaque, desgastada pelo repetimento do refrão na produção, o que acabou tornando a faixa algo mediano em questão ao resto apresentado.

07. Desabafos Ocultos
Seguindo a mesma linha feroz de Inferno Artificial, Desabafos Ocultos também é mediana comparada ao resto do cd. É aqui onde a cantora se confessa, aonde vem contar o seu contagio, sua vida e tudo o que a fazer delirar. A fixação do amor, os delírios, são todas partes dos desabafos ocultos escondidos no coração dela.

08. Se nós Somos o Futuro
Profunda, intensa e simplesmente tão bela (Está na cara que profundidade e intensidade sejam o marco maior deste material) Se nós Somos o Futuro, é de fato uma das melhores composições apresentadas no disco, ainda me arrisco a dizer, uma das melhores da carreira de Lexie. A faixa, escolhida como o primeiro single para divulgação do cd acabou conseguindo realizar este papel de maneira positiva. Trouxe-nos uma grande reflexão sobre os problemas sociais que encontramos mundo afora e o que podemos fazer para conte-los. “Se eles dizem, que nós somos o futuro, me deixe controla-lo com minhas próprias mãos [...]”, canta ela, em uma faixa rica em beleza e harmonia. Incrível.

09. Retratos (Feat. Wendy Khristy)
“São os retratos do passado, que me fazem enxergar, o quanto você era ruim e como eu não quero te amar” canta Wendy Khristy em sua participação na canção. Temos nela a junção dos impactos do passado, que deixaram cicatrizes dolorosas, talvez tenham sido vivenciadas por ambas as cantoras que despejam ao longo da canção tudo o que lembram.

10. Cortinas
Aqui Lexie se encontra sensível, perante a um amor passageiro. Ela quer apenas aproveitar os momentos que tem junto a ele (a) enquanto nada se acaba. Entre ao grupo das faixas medianas, não é ruim, mas não consegue conquistar como outras presentes no material.

11. Pedaços de Cristais
Voltando aos destaques do cd, Pedaços de Cristais nos remete ao que Lexie quis transmitir em Se nós Somos o Futuro. “São Pedaços de Cristais que se quebram ao chão, eles vêm junto com a desilusão [...]”. É aqui onde ela traz uma bela comparação entre a quebra de pedras preciosas com o rompimento dos sentimentos, tudo de forma mística e simples, que só traz beleza a faixa.

12. Chuva de Verão
Voltando a acidez apresentada Inferno Artificial e Desabafos Ocultos, temos aqui mais um destaque. Chuva de Verão da introdução ao ponto de maior euforia do material, que também seguira na faixa seguinte. Dançante, colorida e com uma letra contagiante, “E eu danço, continuo dançando, nessa chuva, chuva de verão [...]”, aqui temos mais uma parceria produtiva entre Lexie Stone e Van Vogue (algo que ocorreu em algumas outras faixas do CD, e que não citei). Só coisa boa, onde a cantora mostra que da sim, pra fazer música dançante e de boa qualidade.

13. Espectro (Feat. Tanusha) 
Continuando na “vibe” contagiante da faixa anterior e quase dando adeus ao disco, Espectro é uma real junção e explosão de cores, o que fica claro na letra da música. Dançante, contagiante e viciante, a música está aqui para reforçar que são as cores que acendem as chamas dos mais diversos sentimentos. “Formamos um só corpo, nas redondezas de um mundo sem fim, onde nossas almas se juntam, nascendo uma nova conexão [...]”. A participação de Tanusha na faixa só acrescentou pontos positivos, só não ficou melhor porque não teve um videoclipe que tanto merecia, mas vamos aceitar mesmo assim.

14. Diferenças
Chegamos a última faixa do disco, e é aqui que Lexie vem dar o seu “adeus”. Diferenças, como o título sugere, é aonde  a cantora vem falando sobre a junção do amor e das diferenças. São através delas que nos conectamos uns aos outros, que nos fazem amar, que nos fazem sentir o que não sentimos. “Diga que você vai me amar do jeito que eu sou, mesmo com todas as nossas diferenças [...]”. Um belo encerramento, e uma ótima escolha para darmos adeus, a tudo o que ela vivenciou nesta tal “Cidade Vigarista”.

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O segundo álbum de Lexie, é de fato superior ao primeiro, e mesmo com alguns pontos negativos, nos conseguiu mostrar o quão a cantora é ótima compositora, produtora e que consegue apresentar ótimos CDs.

"CITYSLICKER" é intenso, é pesado e calmo, tudo ao mesmo tempo e não hesita em mostrar para o que veio, apenas reforçou o título de Lexie, como uma das cantoras mais consagradas do impop atualmente, o que nos deixa uma dúvida: Deixando para trás a tal “Cidade Vigarista”, o que será que ela irá nos trazer de novo nos próximos materiais?...Nos resta esperar.